quinta-feira, 11 de junho de 2009

Beira mar

E eu, que não sei quase nada do mar,navego.
Me derramo inteiramente,
deixando de ser para ser.
Já não há limites.

"Agora que o corpo todo está molhado e dos cabelos escorrem água, agora o frio se transforma em frígido. Avançando, ela abre as águas do mundo pelo meio. Já não precisa de coragem, agora já é antiga no ritual retomado que abandonara há milênios. Abaixa a cabeça dentro do brilho do mar, e retira numa cabeleira que sai escorrendo toda sobre os olhos salgados que ardem.Brinca com a mão na água, pausada os cabelos ao sol quase mediatamente já estão endurecendo de sal. Com a concha das mãos e com a altivez dos que nunca darão explicação, nem a eles mesmo: com a concha das mãos cheias de água, bebe-a em goles grandes, bons para a saúde do corpo.E era isso o que estava lhe faltando, o mar por dentro como o líquido espesso de um homem. Agora ela está toda igual a si mesma (...).
Mergulha de novo, de novo bebe mais água, agora sem sofreguidão pois já conhece e já tem um ritmo de vida no mar. Ela é a amante que não teme pois sabe que terá tudo de novo"
C.Lispector

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